quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

A ARTE DE GANHAR DINHEIRO COM CULTURA

MINHAS IMPRESSÕES
 
Cada um dos presentes,  teve suas impressões e tirou conclusões a partir do que viu e ouviu. Então tomo a liberdade de relatar as minhas.
 
O TRANSTORNO QUE É VIAJAR DE ÔNIBUS PRA MONLEVADE
 
O trabalho em BH me pegou e não consegui sair tão cedo quanto gostaria. Cheguei à rodoviária as 15:50 e verifiquei que havia um ônibus que saia as 16. Tranquilo. Daria pra chegar na boa, mesmo que houvesse alguma interrupção na 381. A fila para comprar passagem estava grande e pensei: vou descer e comprar passagem no ônibus.Assim consigo embarcar na boa. Mas mudaram o esquema na rodoviária. Agora não dá mais pra comprar passagem no ônibus. Existe uma fiscalização antes e as pessoas só descem para o embarque já com as passagens em mãos. Tive de entrar na danada da fila. Haviam umas 12 pessoas à minha frente. Resultado: perdi o ônibus das 16. Mas me informaram que havia outro as 16:30. E a fila andando vagarosa. Quando faltavam 2 pessoas apenas à minha frente, trocaram de vendedores de passagem. E foram uns 15 minutos só pra menina contar o dinheiro e passar o caixa. E o tempo passando. Pra completar, a pessoa que estava à minha frente queria trocar 3 passagens. E dá-lhe burocracia...e o relógio correndo. Resultado: quando cheguei ao caixa já eram 16:35. O ônibus de 16:30 já tinha saído. A menina me informou que só tinha passagem para 17:15. Fazer o que? Tive de comprar. Mas pensei comigo: terça à feira não deve ter problema na estrada. Deve dar pra chegar. Qual o que. Viagem toda agarrada, siga e pare umas 10 vezes, um mar de caminhões Pra completar meu celular acabou a bateria e fiquei sem comunicação com o pessoal no PainelSaímos as 17:15 e chegamos em Carneirinhos as 21 horas. .Desci correndo e fui direto pro SICOOB. Nada de lanchinho ou banho no hotel.
 
CHEGUEI COM O EVENTO JÁ EM ANDAMENTO
 
Cheguei e já tava todo mundo no calor do debate. Claro que cheguei envergonhado. Eu fui um dos proponentes e cheguei atrasado. Queria muito ter chegado antes, passado o roteiro com o Ulisses, mas enfim, o que posso fazer é pedir desculpas a todos.
 
AUTO-CRÍTICA
 
O meu atraso creio que prejudicou bastante as coisas. Não foi possível utilizar o telão, que seria um importante aliado didático. A forma do debate também não favoreceu a agilidade. Os temas foram lançados, mas houve tempo excessivo em cima de cada pergunta e assim, não foi possível debater nem 10% da pauta imaginada. Também não foi possível registrar o debate em vídeo e áudio para posterior compartilhamento.  Mas tudo é aprendizado. Precisamos buscar mais conhecimento e até mais colaboradores para darmos conta de tantas coisas. Mas ainda assim houve falas bem proveitosas e acho que plantamos algumas coisas positivas para continuarmos regando...
 
O jornalista Ulisses foi encarregado de mediar o debate e o fez com sua habitual polidez e educação. É o rei da cortesia, sujeito gente fina demais.
 
A primeira pergunta foi: POR QUE O PÚBLICO NÃO TEM FREQUENTADO OS EVENTOS CULTURAIS
 
Deu tanta polêmica que  cheguei hiper atrasado e ainda estava nela. Quando cheguei a atual presidente da Fundação Casa de Cultura falava exatamente sobre essa questão da dificuldade de conseguir convencer o povo a frequentar os eventos culturais.
 
Marquinhos do Souldusamba observou que muitas vezes por uma divulgação ineficiente. Salientou que se não divulgar direito, gastar sola de sapato e batalhar, não leva público.
 
Nessa hora minha mão coçou e pedi o microfone me lembrando de uma frase recorrente: - ó, eu não fiquei sabendo! E observei: as vezes a gente programa algum evento, coloca nas redes sociais, os jornais publicam, as rádios divulgam, mas mesmo assim muita gente não fica sabendo. Então qual seria o caminho para chegar a todo mundo?
 
Sugeri que criemos algo conjunto, um ponto, um grupo ou que o valha para compartilharmos tudo juntos e trocarmos ideias. É algo pra gente pensar...
 
Quando a palavra foi para o Luiz Ernesto ele lembrou que a situação do escritor é ainda mais complicada. Ele observou que no Brasil, apenas Paulo Coelho vive exclusivamente de literatura. Salvo  raras exceções tem de ter ocupações paralelas. Drummond que foi o poeta maior era funcionário público. O próprio Luiz , mesmo tendo 3 livros lançados, é jornalista e é como se sustenta.
 
Thiago Moreira, contou sobre sua experiência. Ele já fez desde cavalgadas a carnavais, sempre com públicos grandes. E os eventos gastronômicos, que foram muito bem durante algum tempo, mas que sofrem exaustão numa cidade de porte médio.
 
Samira Lima pontuou que existe uma diferença entre eventos de entretenimento e eventos culturais. Que ela prefere os culturais e não consegue trabalhar com eventos mais populares. Prefere o lado mais poético e cultural mesmo.
 
Ai pintou uma polêmica sobre o alcance da palavra cultura. Uma pessoa da plateia, moradora de Nova Era, pediu a palavra e deu sua opinião de que tudo é cultura. Ela disse que funk é cultura, hip-hop é cultura. Que cultura está muito relacionada à gosto pessoal e visão do mundo e que as pessoas deveriam se unir.
 
Fiz uma comparação: existem várias ilhas, mas não formamos um arquipélago. Será que conseguimos fazer alguma coisa conjunta? Dá para calarmos os egos? Existe espaço para parcerias?
 
Claira interviu contanto um causo. Ela disse que há pouco tempo um produtor havia entrado em contato com ela propondo fazer um evento exclusivamente de rock,  pois pra ele só o rock é cultura.
 
Bia Melo depois de passar quase meia hora com o dedo levantado pedindo a palavra, quando falou, deu pra mim um dos depoimentos mais preciosos de todo o debate. Ela se dirigiu a Claira, mas acho que cabe para todo mundo. Ela relatou que sua iniciação na cultura, se deveu a ações culturais que aconteceram em sua escola...e em ações que contam a história de Jean Monlevade. Isso gerou tanto orgulho e um sentimento tão positivo que despertou nela uma grande curiosidade intelectual. O questionamento é: será que esse não é um dos caminhos? Educar o público através das escolas?
 
Lembrei do tempo em que havia MEC: Ministério da Educação e Cultura. Nesse tempo talvez houvesse mais link entre as duas áreas e até mais dinheiro. A separação deixou a educação rica de verbas e a cultura pobre.
 
A Claira observou que tem sido esta uma questão recorrente. Muitos falam nisso...educar o público para consumir determinados produtos culturais.
 
Romulo Rás questionou se não seria interessante por exemplo, nos eventos grandes, misturar as grandes atrações com as menores? Contou um caso de um evento que teve num dia um show maior, de um artista popular com grande público. E no outro dia teve show de Paulinho Pedra Azul, com público bem menor.
 
Claira explicou que os públicos são segmentados e cada um tem seus comportamentos próprios.

Alesandra Alves e Andréa Abade também fizeram suas colocações provocativas e o clima esquentou. Outras pessoas intervieram ( me perdoem, algumas eu não sei o nome).
 
Thiago pediu a palavra  e explicou que situações como essa podem ser constrangedoras. Quando vc tenta impor um artista com um estilo junto ao público de outro estilo, quase sempre o que acontece são as vaias.
 
Carla fez uma observação interessante. Ela disse que não acredita em parcerias com o poder público por uma razão muito simples: não tem sustentabilidade. Ela tem razão em parte. Eventos que dependem do poder público sobrevivem ao sabor dos humores dos governos. Se o prefeito gostar de cultura ele apoia. Se não gostar tira o apoio e os eventos acabam. O ideal é não depender, ter vida própria. Ela vem se especializando bastante no estudo da economia criativa e sabe o que diz. 
 
Eu concordo e discordo. O ideal é não depender de ninguém. Ideal mesmo é ter capital próprio ou conseguir fazer sem custo.  Mas pelo menos na minha experiência, levantar dinheiro para a cultura tem sido muito difícil tanto em nível governamental quanto empresarial. E numa cidade média, com pouco tempo  os produtores acabam desgastados com os patrocinadores habituais da cidade. É quase impossível uma rotatividade de patrocínios. Se os patrocinadores resolvem não patrocinar, os eventos perdem a sustentabilidade também, pois tudo tem custo. É claro que dá pra fazer eventos bem baratos e com bons resultados. Mas por exemplo, impossível fazer eventos de música sem sonorização, que custa dinheiro. Por isso, eu não deixo de considerar a possibilidade da parceria com o poder público também, não dependendo apenas das prefeituras, mas não dispenso a parceria, como de outros colaboradores. Mas essa é uma opinião pessoal.

Em tempo, posto aqui a réplica da Carla e peço desculpas se entendi errado.

" Eu não disse que NÃO ACREDITO em parcerias com o poder público. O que eu disse, que como o debate naquele momento estava "batendo muito na tecla " de poder público e leis de incentivo, se o artista (de qualquer área) quiser VIVER E SE SUSTENTAR de sua arte, ele não pode ficar dependendo de poder público e leis de incentivo, isso não é ser sustentável. Poder público tem obrigação sim, de criar e manter um calendário de ações culturais sim, mas não é sua obrigação (e nem das leis), SUSTENTAR o artista. 
E pra complementar: fala-se em parceria público-privada, que acho sim super válido (o famoso 2 P's), mas eu acredito muito mais, que pra cultura se desenvolver em determinada região, o que devemos praticar (e é muuuito mais dificil) é a parceria dos 3 P's: publico-privado-pessoas"
 
Thiago localizou entre o público dois rapazes que estavam começando na área da produção de eventos. E fez um relato das dificuldades da área, contou um pouco da sua trajetória e os encorajou a ir em frente.
 
Marco Aurélio lacrou dizendo que tudo que é feito com amor vale à pena. Falou também sobre a sua trajetória e sobre o quanto tudo o que vivenciou fez e faz diferença em sua vida.
 
Os dois de certa forma desaceleraram. Thiago tá diversificando, trabalhando mais com marketing e investindo firme no ramo das cervejas artesanais.
 
Marco é gerente da Chilli Beans João Monlevade e tem projetos para fazer shows, porém com menos pressão, pelo prazer de cantar e levar alegria às pessoas.
 
Agradecemos muitíssimo à Carla Lisboa pela generosidade de nos emprestar uma beiradinha debaixo do guarda-chuvas do Festival Marmotas para inserirmos o debate. Isso por que ela já anda multi-ocupada com uma série de atividades. Mas ela é do balaco-baco e não é de fugir da raia. Sou muito fã do trabalho, da coerência, do histórico da turma do 7 faces.
 
Agradecimentos especiais também à Claira Ferreira, muito solícita e sóbria em suas observações, à Samira Lima, que veio do Rio de Janeiro para emprestar um pouco do seu conhecimento ao evento, ao Luiz Ernesto, grande figura da literatura local, ao Thiago Moreira e ao Marco Aurélio.
 
Ao final convidamos o pessoal a continuar o painel na internet. Vamos avaliar a melhor maneira de levar os temas do debate para que possamos interagir. Como dito, muitos assuntos não foram colocados em pauta e essa conversa proveitosa vai continuar na internet. Em breve divulgaremos para vocês.  Esperamos que todos curtam e participem.
 
Ah...e prestigiem o FESTIVAL MARMOTAS que tá com uma programação muito legal...e por favor...ajudem a divulgar.  

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